Hoje não é o Dia Mundial da Poesia. Esse dia já passou, no bom senso de todo o mundo. Mas a mim apetece-me que o Dia mundial da Poesia seja hoje. Pode ser? Aprovaria o mundo que assim fosse? E também quero comemorar a poesia amanhã, durante o fim-de-semana, o ano inteiro. O que é o Dia Mundial da Poesia, afinal? É um dia que os homens decidiram ser destinado a recitar e ouvir recitar poemas? Gosto de ouvir Villaret a dizer poemas, mas qualquer dia me parece bom para o fazer.
Poesia é todos os dias. É o que já passou, o que sucede ou o que pode vir a acontecer. Não podemos tocar a poesia nem fazê-la parar por instantes, muitos não sabem onde encontrá-la, nem eu conheço todos os seus recantos porque, ínfima, se recolhe sob qualquer pétala, qualquer pedra. No entanto, afigura-se-nos tão espampanantemente singela no abrir de um botão de rosa, no riso sincero dos garotos, na languidez das tardes quentes, na voz da mãe, nos grãos de areia que invadem os pés descalços, na caligrafia do avô, na espuma das ondas, nos olhos de um gato, nos nossos próprios olhos e, até, nas nossas próprias lágrimas.
O poeta é o artista ímpar que tem o dom de usar as palavras certas, pintor único da beleza do pormenor, que comete, por vezes, a ousadia de rimar estórias e glosar sentimentos. É o estóico e o epicurista, o realista e o utópico, o novelista e o modernista, o conservador e o experimental. Não é um fazedor de poemas, é um arquitecto de sensações lexicalizadas.
Dia mundial da poesia. E recordo Villaret a dizer Liberdade…
«Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...»
Poesia é todos os dias. É o que já passou, o que sucede ou o que pode vir a acontecer. Não podemos tocar a poesia nem fazê-la parar por instantes, muitos não sabem onde encontrá-la, nem eu conheço todos os seus recantos porque, ínfima, se recolhe sob qualquer pétala, qualquer pedra. No entanto, afigura-se-nos tão espampanantemente singela no abrir de um botão de rosa, no riso sincero dos garotos, na languidez das tardes quentes, na voz da mãe, nos grãos de areia que invadem os pés descalços, na caligrafia do avô, na espuma das ondas, nos olhos de um gato, nos nossos próprios olhos e, até, nas nossas próprias lágrimas.
O poeta é o artista ímpar que tem o dom de usar as palavras certas, pintor único da beleza do pormenor, que comete, por vezes, a ousadia de rimar estórias e glosar sentimentos. É o estóico e o epicurista, o realista e o utópico, o novelista e o modernista, o conservador e o experimental. Não é um fazedor de poemas, é um arquitecto de sensações lexicalizadas.
Dia mundial da poesia. E recordo Villaret a dizer Liberdade…
«Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...»
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