Hoje é corriqueiro passarmos na rua e vermos vários cartazes alusivos a cursos profissionais, muitos deles agora nas escolas públicas, que permitem ao aluno optar por uma formação especializada na área que pretende. Ainda ontem passei por um cartaz que dizia qualquer coisa do tipo “há muitas profissões dentro da tua escola” e que me fez imediatamente relembrar os meus tempos de miúda. Na altura, um miúdo chegava ao nono ano de escolaridade e podia usufruir dos denominados “testes psicotécnicos”, que nos davam respostas bastante vagas acerca da nossa vocação futura. No meu caso, por exemplo, lembro-me de que a grande conclusão de todos aqueles testes revelava a minha capacidade para lidar com pessoas. Mas que raio é isso de “lidar com pessoas”? Eu lido com pessoas todos os dias. Se o não fizesse seria muito mau sinal. Não? E em termos de profissões que impliquem “lidar com pessoas”, não consigo lembrar-me de muitas em que não seja preciso fazê-lo. Nesse tempo interpretei essa resposta como um indicador de que a minha escolha estava certa: queria seguir humanidades, estudar história e literatura, aprender o fascínio das línguas e culturas. E assim o fiz.
Não quero com isto dizer que não houvesse já qualquer tipo de ensino mais específico e direccionado para determinada área. Não era apenas tão divulgado e, não sei porque carga de água, era sinónimo de “incapacidade para fazer o que deveria ser feito”. Havia uma voz pesada que nos indicava o caminho a seguir: escolher uma determinada área no ensino secundário, que se reduzia a Ciências, Artes, Economia e Humanidades, e seguir, posteriormente para a universidade. Hoje volto a pensar naquele cartaz e naquilo que nos era dito. Muitos de nós, já com canudos na mão ou perto disso, olhamos para aqueles de quem escarnecíamos e vemo-nos perdidos, sem trabalho porque a nossa formação, embora custosa, não é aquela que é precisa neste momento. Somos a geração desiludida, enganada pela ideia de que um canudo nos daria segurança e estabilidade para começar uma “vida de adulto” e somos, afinal, a segunda geração de “Vencidos da Vida”.
Não quero com isto dizer que não houvesse já qualquer tipo de ensino mais específico e direccionado para determinada área. Não era apenas tão divulgado e, não sei porque carga de água, era sinónimo de “incapacidade para fazer o que deveria ser feito”. Havia uma voz pesada que nos indicava o caminho a seguir: escolher uma determinada área no ensino secundário, que se reduzia a Ciências, Artes, Economia e Humanidades, e seguir, posteriormente para a universidade. Hoje volto a pensar naquele cartaz e naquilo que nos era dito. Muitos de nós, já com canudos na mão ou perto disso, olhamos para aqueles de quem escarnecíamos e vemo-nos perdidos, sem trabalho porque a nossa formação, embora custosa, não é aquela que é precisa neste momento. Somos a geração desiludida, enganada pela ideia de que um canudo nos daria segurança e estabilidade para começar uma “vida de adulto” e somos, afinal, a segunda geração de “Vencidos da Vida”.
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