Não me parece totalmente correcto afirmar que se escolhem amigos. Certo é que não são fatais como a família, que não se escolhe, tem-se, mas parece-me que são os amigos que nos vão escolhendo ao longo da vida e é ela, a vida, que nos vai dando a oportunidade de apanhar amigos como quem apanha flores do campo. Fitam-se as flores, demoradamente, e vão-se notando defeitos naquela pétala amarelecida, pequenas falhas neste caule… Aqui se escolhem as flores mais perfeitas e se vão deixando cair as outras pelo caminho. Tudo está, afinal, relacionado com caminhos. São os trilhos que se escolhem e os momentos pausados que determinamos para cheirar esta ou aquela flor: isso sim é a única escolha passível. Direita ou esquerda, subir ou descer, preto ou branco, parar ou seguir. E seguimos, seguimos sempre. Optamos a todo o momento por isto ou aquilo, desta ou de outra maneira, de ânimo leve ou de alma carregada. Seguimos. Sem nunca deixar de pensar nas escolhas, de duvidar das azinhagas subidas, de desdenhar das flores cheiradas, de lembrar outros caminhos que eram possíveis e que, por uma razão ou outra, por causa de uma pedra no caminho, decidimos ignorar e tomar outros rumos, questionados a toda a hora.
Becos, azinhagas, ruelas, estradas, avenidas. Passamos por bastantes e diversas na nossa jornada e muitas vezes, por culpa do tiquetaque acelerado que paira sobre as nossas cabeças, esquecemo-nos de olhar as janelas e os topos dos edifícios, de admirar os jardins, as matas, os pinhais, a areia das praias, de parar para escutar, por um segundo, a cidade em silêncio, de pasmar perante um céu negro, negro e estrelado e ficar horas a contar as estrelas e a descobrir constelações em nós mesmos. Vias cruzadas, certas ou erradas, desfrutemos delas, cheiremos, paremos para escutar. Há sempre um caminho de volta.
Becos, azinhagas, ruelas, estradas, avenidas. Passamos por bastantes e diversas na nossa jornada e muitas vezes, por culpa do tiquetaque acelerado que paira sobre as nossas cabeças, esquecemo-nos de olhar as janelas e os topos dos edifícios, de admirar os jardins, as matas, os pinhais, a areia das praias, de parar para escutar, por um segundo, a cidade em silêncio, de pasmar perante um céu negro, negro e estrelado e ficar horas a contar as estrelas e a descobrir constelações em nós mesmos. Vias cruzadas, certas ou erradas, desfrutemos delas, cheiremos, paremos para escutar. Há sempre um caminho de volta.
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