terça-feira, 29 de abril de 2014

Caminhar, caminhar...


Vejo a clausura iminente
na forma de um quadrado
e eu não posso ficar
nem deste, nem desse lado.

Vejo o chão, imundo, minguar:
antes vasto terreno sagrado.
E os meus pés a medrar, a medrar
no velho sapato fivelado.

Olho estas mãos a escrevinhar
em ritmo já cansado.
Quem dera vê-las parar
não tivesse eu já começado!

E se um dia quis encetar
este caminho acidentado
não faz sentido travar
o ritmo que tenho engatado
e não faz sentido ficar
parado, assim tão parado
se isto começou com amar
o sonho que hei sonhado
pois continuarei neste andar
nem que o passo seja quebrado
nem que a ferida seja profunda
e a fractura tão exposta!
Caminharei, caminharei:
é somente esta minha resposta.



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