Maio, sabes como te olho de soslaio, sempre que vens de mansinho, cheio de flores e carinho, teus ricos odores e tantas, tantas cores! Trazes o calor que me sufoca, és a mão que me tapa a boca e o cordel que já fez de mim marioneta. Escondes-te por detrás da áurea aliança de Perséfone e Deméter, mas, por mais que as ocultes, são sempre amargas tuas lembranças, carregadinhas de fedor a éter. Como os deuses, mês de Maria - falso como a mulher que paria, sendo ainda mais casta que qualquer Primavera! Pudera! - tanto dás como tiras, floresces em esplendor, mas ceifas sempre esta ou aquela flor, das minhas, das que são as mais belas para mim - chegas pomposo, em bouquet, mas detróis meu suado e precioso jardim! E de olorífera má intenção, provocas-me tamanha constipação, que me pões a espirrar assim! Ai, mal de mim, falso mês! Que venha o estio de vez, que esse ao menos traz a verdade da sofrida temperatura, que ou me fecha em fresca clausura, ou me leva para junto da mais pura brisa de mar.
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